Navegação tranquila em meio às tempestades da vida
Poucos dias antes do casamento, Denalyn e eu fizemos uma viagem muito agradável num veleiro. Milt, um amigo nosso, de uma igreja em Miami, convidou Denalyn, a mãe dela, eu e mais algumas pessoas para um aprazível cruzeiro ao longo da costa da Florida.
Inicialmente, tudo correu conforme planejado. Tranquilo. Deitados em almofadas, com os pés apoiados na amurada, cochilávamos, aproveitando os raios do sol para nos bronzear. Ótimo. Mas, de repente, a tempestade chegou. O céu escureceu, a chuva começou a cair e o oceano de água até então serenas corcoveava como o pescoço de um dragão. Ondas repentinas inclinavam o barco para cima, até não enxergarmos nada, a não ser o céu, e depois para baixo, quando víamos apenas o azul das águas. Aprendi uma coisa a respeito de viagens marítimas: não há nada de maravilhoso quando as ondas se agigantam. O bronzeamento acabou. Os cochilos cessaram. Os olhares dirigiram-se primeiro para as nuvens carregadas, depois para o capitão. Olhamos para Milt.
Ele foi ponderado e decisivo. Mostrou a algumas pessoas onde deveriam ficar, a outras, o que deveriam fazer, e disse que todos deveriam permanecer firmes. E fizemos o que ele disse. Por quê? Reconhecíamos que ele sabia o que era melhor. Nenhum de nós era capaz de diferenciar estibordo de popa. Só Milt. Confiamos nele. Sabíamos que ele sabia.
E sabíamos que não sabíamos nada. Antes de o vendaval começar, poderíamos ter dito que nos orgulhávamos de nossas medalhas de honra ao mérito dos tempos de escoteiros, durante excursões em regata ou barcos de pesca. Mas, assim que a tempestade desabou, ficamos de boca fechada. Com exceção de Denalyn, que vomitou). Não tínhamos escolha, a não ser confiarem Milt. Ele sabia o que não sabíamos – e preocupou-se conosco. O barco não era capitaneado por um profissional contratado nem por um estranho, mas por um amigo. Ele se importava com nossa segurança. Por isso confiamos nele.
Ah, que bom se as escolhas fossem igualmente fáceis na vida. Será que preciso lembrá-lo dos ventos ocidentais? Com a velocidade de um relâmpago e a força do ribombar do trovão, as rajadas violentas de vento convulsionam as águas tranquilas. Vítimas de tempestades repentinas passam a fazer parte das filas de desemprego e das unidades de terapia intensiva. Você conhece os ventos. Sentiu as ondas. Adeus, navegação tranquila. Olá, águas turbulentas.
Tais furacões testam nossa confiança no Capitão. Será que Deus sabe o que está fazendo? É capaz de nos tirar da situação? Porque Ele permite a tempestade? As condições pioram, e as instruções dele produzem perplexidade: Ele nos manda resistir à desgraça, tolerar a crítica, perdoar o inimigo... Como você reage?
Será que você é capaz de dizer a respeito de Deus o que eu disse a respeito de Milt?
Sei que Deus sabe o que é melhor.
Sei que eu não sei.
Sei que Ele se preocupa comigo.
Essas palavras ocorrem-me facilmente quando as águas estão calmas. Mas, quando você vê um carro destroçado ou uma verruga com aparência suspeita, quando a guerra estoura ou quando os ladrões arrombam sua casa, você confia Nele? Se sua respostas foi "sim", você está recebendo notas altas na matéria chamada soberania.
Essa importante palavra bíblica significa autoridade suprema de um soberano. Confessar a soberania de Deus é reconhecer o reino de Deus, sua autoridade real e poder de veto sobre tudo o que acontece. Acatar a soberania de Deus é beber da água de Seu domínio sobre todas as coisas e tomar uma decisão no barco em meio à tempestade.
Max Lucado
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